"Abençoados sejam os esquecidos, pois tiram maior proveito dos equívocos."
(Friedrich Nietzsche)
Se eu
pudesse apagar alguém da minha memória, eu apagaria? E se eu
pudesse mudar a minha história, eu mudaria?
E se... O ‘se’
é um terrível tormento pra mim, porque o ‘se’ poderia mudar todos os momentos
da minha vida, qualquer simples mudança, virar a esquerda ao invés da direita,
mudaria toda a rota do meu ser. Cada minucioso passo, faz de mim o que eu sou
hoje, me constrói...
O acaso é
tão confuso quanto a morte. É um mistério que está sempre sendo desvendado, mas
nunca por completo. Nunca sabemos aonde o acaso pode nos levar, e por mais que
planejemos toda a nossa vida, o acaso sempre vem, e faz dela imprevisível, irremediável,
como a morte.
Eu fecho os
olhos, e lembro, de tudo o que eu vivi, aonde o acaso me levou, e eu não
mudaria nada, sequer uma vírgula. Eu sou cada sofrimento, cada lágrima, cada
culpa, cada erro, e apaga-los não me torna imune a outros erros, eles estão sempre
ali, perseguindo cada um...
E se eu
tivesse asas, se eu fosse um homem, e se eu pudesse ler os pensamentos...
Atordoa-me
as coisas da imaginação... E o ‘se’ faz da imaginação, infelizmente, limitada, não
podemos torná-las reais.
E se os
sonhos se tornassem reais? Eu seria mais feliz? E se eu me perdesse no
esquecimento?
E o destino?
Não acredito, ou melhor, somos donos do nosso destino, não nascemos com a vida pré-destinada,
podemos mudar o destino quando quisermos.
Sem culpa,
sem medo, sem dor, todos nós queríamos apagar esses sentimentos, mas é isso que
nos torna humanos, confusões, mas que nos ensinam e nos fazem.
E se eu me
matasse? Eu perderia todo o meu fracasso, as minhas lembranças e me perderia no
esquecimento, e todo esse eu se resumiria a nada.
Uma mente
sem lembranças é um recomeço de uma vida, mas morte de outra.
Dayane de Oliveira Pacheco
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