quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sobre o amor da minha vida: Música



A arte (todas elas) me encanta, por ter o poder de materializar os sentimentos, sejam eles bons ou ruins. Na minha (pequena) vida, sempre houve uma arte em especial que me acompanhou: a música.

Antes até de saber falar, quando dormia escutando-a, ou antes, de saber escrever, quando aprendia minhas primeiras notas, no piano.  E assim passei minha infância, sem entender quão grandiosa essa arte seria pra mim.

Minhas primeiras notas no violão foram insonoras e doloridas. Continuei por insistência, mas repugnava o instrumento a cada nota e a cada música.

Mal sabia eu que esse seria o amor da minha vida, materializado em um violão. Aprende-lo fez compreender-me melhor, expressar em música o que com palavras, para mim, era impossível. Ter com quem “conversar”, e dali tirar as mais belas lições.

A composição foi a parte mais difícil, mas é o que mais me serve como “antidepressivo”. Traduzir todos os sentimentos pra uma melodia, uma língua universal que emociona os ouvidos mais sensíveis e apurados.

É o que pode ser chamado perfeito, ou melhor, perfeita, até na feminilidade do nome.

Me acalma como nenhuma outra arte, me liberta, me ensina... Sou completamente apaixonada por ela, e é nela que deposito toda a minha confiança, a razão do meu viver, pois, muita coisa dessa vida passa, mas ela irá me acompanhar em todos os presságios da minha.

Eu te amo!

Dayane de Oliveira Pacheco

domingo, 7 de abril de 2013

Um jovem e seu desejo de conhecer a cidade



*Relato de Felipe Araujo, sobre o direito de ir e vir, de conhecer a cidade onde vive (RJ) e dos limites do transporte público.

"Eu moro no Rio de Janeiro, e pra quem não sabe, aqui nós temos uma coisa chamada Passe Livre. O Passe Livre é um direito conquistados pelos estudantes, onde podemos botar em pratica o Artigo 5 da Constituição, que resumimos como "o direito de ir e vir". Ou seja, os estudantes não pagam passagem. No Rio esse direito é valido apenas para alunos da rede publica de ensino (Ensino Fundamental e Médio).

Agora vocês imaginem: um jovem pobre, que mora numa região com poucos serviços culturais, mas que tem o direito de ir pro shopping, pra praia, pra casa de outro amigo, visitar um tia, etc. Esse jovem tem na mão um grande instrumento de desenvolvimento pessoal, pois pode se apropriar de vários tipos de dispositivos de sua cidade.



E era exatamente isso que eu fazia. Percorria toda a cidade. De Copacabana à Paciência. De Nilópolis ao Méier. Até meus 17 anos de idade, circulei muito pela minha cidade. Conheci muita gente, muitas praias, muitas bibliotecas, cinemas. Conhecer outros lugares ampliava meu modo de ver o mundo, percebi por exemplo, que em uma única Rua de Botafogo, a Voluntários da Pátria (Bairro nobre de minha cidade) tinha mais cinemas que em toda Zona Oeste, região onde ficava a Favela onde eu moro.

Mas, acontece que eu terminei o Ensino Médio. E com ele muita coisa virou mero passado, por exemplo: minhas amizades foram ficando mais distantes, nossas diversões: Jogar RPG no Bosque da praça 1° de Maio, sair da aula e ir pro Shopping de Madureira se encontrar com a galera que curtia Rock, ir pro Cinema que tinha dentro do Shopping Carioca (que dia de Quarta-feira custava 3 reais a meia-entrada), pegar um ônibus que não em servia, só porque alguma menina linda havia entrado nele... Essas coisas são de uma época que não existem mais.

Ficou também no passado andar de ônibus de graça. Essa foi uma das coisas mais difíceis de eu entender. Pensem num jovem que passou 17 anos de sua vida usando sua camisa da escola como "vale transporte", ter que passar a desembolsar dinheiro para se locomover...

Foi perrengue. Comecei a sair menos, ver menos meus amigos, ir menos ao cinema, ir menos a praia.

Percebi que precisa de um emprego. Mas até pra arrumar emprego eu precisava de dinheiro de passagem, e nem sempre eu tinha. Foi uma fase difícil.

Daí comecei a trabalhar, e percebi que cerca de 30 % do meu salário era gasto com passagem. Aquilo me indignava.

Minha mente de jovem pensava: "Ônibus devia ser de graça, afinal tá na Constituição."
Mas ninguém nunca me ouvia, dizia que era impossível. E toda vez que a passagem aumentava via os adultos reclamando.

Hoje já me acostumei a pagar pelo transporte. Mas já fico imaginando o quanto que terei de gastar pra meu filho ter a mesma oportunidade que eu de se apropriar da cada local da cidade."

Felipe Araujo - Artista de Rua, Estudante de Filosofia da UFRJ e jovem que considera importante se apropriar de cada território diferente.

Pelo Passe livre e estatização dos meios de transporte público coletivos!